GERAL
Delegada de Polícia compartilha nas redes sociais dicas e informações valiosas para a criação dos filhos
Delegada de Polícia, Heladia Cazarotto (Foto Arquivo/O Correspondente)
A data de 12 de outubro é dedicada às crianças. A data repercute no comércio, motiva escolas a realizarem atividades diferenciadas, mas além do apelo festivo a data remete à reflexão quando nos damos conta de que as crianças são seres puros e que precisam ser protegidas e guiadas pelos adultos.
Mãe de duas meninas, a delegada Heladia Cazarotto é titular da Delegacia de Polícia de Proteção aos Grupos Vulneráveis – DPPGV de Carazinho, que atende justamente ocorrências envolvendo menores de idade. A policial criou no Instagram um perfil que chama atenção de pais e responsáveis sobre a importância do cuidado. No @protegendoeencorajando ela posta mensagens, dicas e ensinamentos valiosos a partir da própria vivência profissional e pessoal.
“A ideia do perfil ‘Protegendo e Encorajando’ surgiu a partir da minha vivência no dia a dia da delegacia. Percebi que muitos pais e responsáveis ainda têm uma grande falta de informação sobre como lidar com situações comuns da criação dos filhos. Além disso, queria mostrar que a maternidade e a paternidade podem ser mais leves do que muitas vezes se imagina. Com uma abordagem mais consciente e carinhosa na criação, principalmente durante a infância, podemos construir um futuro melhor, tanto para as crianças quanto para a sociedade como um todo”, conta ela.
Heladia destaca que muitas das atitudes dos pais ao corrigirem os filhos ou ensinarem o que é certo ou errado tem impacto direto no futuro das crianças. “Se tratadas com cuidado e atenção, podem contribuir para que se tornem adultos mais equilibrados e cidadãos melhores. No perfil, meu foco é compartilhar essas observações, expor situações do cotidiano que poderiam ser resolvidas de maneira mais positiva e dar dicas práticas e descontraídas. Tudo isso para abrir um diálogo próximo e acessível com pais, professores e todos aqueles envolvidos no desenvolvimento das crianças”, comenta.
O trabalho na polícia foi o ponto de partida para o projeto de Heladia e continua sendo a maior fonte de inspiração para as dicas que ela compartilha no perfil. “No dia a dia da delegacia, lido com muitas situações delicadas e complexas envolvendo crianças, onde já existe algum tipo de conflito ou problema. A partir dessas experiências, consigo captar o que as crianças relatam, o que os pais comentam, e transformo essas situações em orientações práticas para os seguidores”, detalha.
Na percepção da delegada, as dúvidas e preocupações de uma família costumam ser comuns para outras. “Então, aquilo que surge em uma conversa no trabalho acaba se tornando uma dica útil para centenas de pessoas que seguem o perfil. Minha intenção é justamente essa: usar o que vejo e aprendo no meu trabalho para ajudar outros pais e responsáveis a lidarem melhor com os desafios da criação”, analisa a delegada.
Delegada mãe
A vivência materna transformou a visão e a atuação de Heladia como delegada. “Antes de ser mãe, eu já trabalhava com muita dedicação, mas, após a maternidade, passei a enxergar a infância com outros olhos. Estudei mais sobre o desenvolvimento infantil e compreendi ainda mais a importância dessa fase para o futuro de qualquer pessoa”, menciona, acrescentando que a experiência faz toda diferença no trabalho. “Especialmente nos momentos em que preciso acolher e atender crianças vítimas de violência. O olhar técnico de policial, combinado com a sensibilidade materna, me ajuda a criar um ambiente mais acolhedor para a criança, o que é fundamental nesse tipo de situação. Além disso, essa dualidade de perspectivas permite que eu tenha uma leitura mais ampla das circunstâncias, identificando com mais precisão quando algo parece fazer sentido ou quando os fatos podem não ser exatamente como foram relatados. Esse equilíbrio entre o profissional e o pessoal tem sido essencial no meu trabalho de investigação e proteção”, contextualiza.
Perfil no Instagram se chama @protegendoeencorajando (Foto: O Correspondente)
Proteger também significa romper padrões antigos
Heladia acredita que o conhecimento é o ponto de partida para qualquer mudança significativa. “É o conhecimento que transforma a sociedade e nos permite evoluir. No contexto da proteção infantil, isso também significa romper com padrões antigos. O mundo está em constante mudança, e as crianças de hoje não são as mesmas de quando éramos pequenos. As gerações são diferentes, e, por isso, as formas de criar e acompanhar as crianças também precisam evoluir”, salienta.
Neste contexto, para a delegada, é importante que estejamos atentos e vigilantes ao redor das crianças, porque elas são o futuro. “São elas que vão moldar o mundo de amanhã. Qualquer suspeita de que algo não está certo deve ser levada a sério, e é responsabilidade dos adultos procurar ajuda. É muito melhor que uma denúncia seja infundada do que uma criança sofrer por anos algo que poderia ter sido evitado. Esse deve ser o compromisso de todos os adultos que têm contato com crianças — proteger aqueles que ainda não têm como se defender”, recomenda.
Por fim, a delegada faz um alerta. “Infelizmente, muitas pessoas sabem de situações preocupantes e hesitam em buscar orientação por medo ou receio. Mas, quando se trata de crianças, esse medo precisa dar lugar à ação. Nossa atitude pode fazer a diferença entre uma infância segura e feliz ou uma marcada por traumas. Precisamos agir, denunciar e proteger, garantindo que essas crianças cresçam em um ambiente saudável, livres da violência que ainda existe na nossa sociedade”, finaliza.
